Quando a gente pensa em castrar um gato, geralmente vem à cabeça a ideia de deixá-lo mais calmo, menos territorial e, claro, evitar a reprodução indesejada. Mas aí vem a surpresa: mesmo depois de castrados, muitos gatos continuam brigando — seja com outros membros da casa ou até com visitantes felinos. Isso confunde muita gente, porque, afinal, não era pra eles ficarem mais tranquilos?
A verdade é que a castração ajuda, sim, a reduzir certos comportamentos, mas ela não é uma “mágica” que muda a essência do gato. Existem vários fatores por trás do comportamento agressivo felino que vão muito além dos hormônios. Entender esses motivos é essencial para quem quer garantir um ambiente mais harmonioso entre os gatos de casa.
Vamos mergulhar nesse universo felino e descobrir por que, sim, gatos castrados também brigam — e o que você pode fazer para lidar com isso.
A natureza territorial dos gatos
Gatos são animais extremamente territoriais. Isso vem do instinto selvagem, onde proteger seu espaço significava garantir acesso à comida, abrigo e segurança. Mesmo domesticados, eles ainda carregam essa herança comportamental. Eles marcam território com cheiro, urina, arranhões e, claro, com a presença constante.
Quando um gato sente que seu território está sendo invadido ou ameaçado, sua primeira reação pode ser a agressividade. Essa defesa não depende apenas da presença de hormônios sexuais — mesmo gatos castrados ainda têm senso de propriedade. Se dois gatos disputam o mesmo espaço, lugar preferido para dormir, ou até mesmo a atenção do tutor, o conflito pode surgir.
Além disso, o espaço físico da casa influencia bastante. Em ambientes pequenos, onde não há áreas de fuga ou zonas separadas para cada gato, a probabilidade de brigas aumenta. É como se dois humanos tivessem que dividir o mesmo quarto 24 horas por dia, sem privacidade: o estresse acaba virando conflito.
Diferenças comportamentais entre gatos inteiros e castrados
Sim, a castração modifica muitos comportamentos. Gatos não castrados costumam ser mais impulsivos, marcam território com urina, vocalizam excessivamente (principalmente durante o cio ou quando percebem uma fêmea no ambiente) e tendem a escapar de casa em busca de parceiros. Esses comportamentos estão diretamente ligados aos hormônios sexuais, como a testosterona.
Já os castrados, principalmente quando a castração é feita ainda jovens, geralmente apresentam menos comportamentos ligados à reprodução. Isso inclui menos marcação de território, menos brigas motivadas por fêmeas ou disputas hormonais. Porém, isso não significa que todo comportamento agressivo desaparece. Existem muitas outras razões para um gato se tornar agressivo, como medo, insegurança, disputa por território, traumas passados e até doenças.
Por isso, embora a castração traga muitos benefícios e reduza significativamente certos tipos de agressividade, ela não é uma solução definitiva para todos os conflitos entre gatos.
Castração e Comportamento: O Que Realmente Muda?
Quando um gato é castrado, os níveis hormonais mudam drasticamente. No caso dos machos, a produção de testosterona cai. Nas fêmeas, o ciclo reprodutivo é interrompido. Isso influencia diretamente no comportamento, reduzindo o impulso sexual e, consequentemente, a agressividade ligada à disputa por parceiros.
Além disso, a castração costuma deixar o gato mais caseiro. Ele tende a vagar menos, ficar mais tempo dentro de casa e se envolver em menos brigas na rua (no caso de gatos com acesso externo). Os níveis de estresse também diminuem em muitos casos, justamente porque o gato não sente mais a frustração de não conseguir se reproduzir.
Porém, o que não muda com a castração? O temperamento individual do gato. Se ele já era mais dominante, medroso ou reativo, isso pode continuar mesmo depois da cirurgia. Além disso, outros gatilhos comportamentais — como mudanças na casa, chegada de novos gatos ou mesmo doenças — continuam afetando o bem-estar do animal, independentemente do status reprodutivo dele.
Benefícios da castração para o temperamento
Vamos deixar claro: castrar seu gato traz MUITOS benefícios. E sim, muitos deles são comportamentais. Olha só alguns:
- Menor agressividade sexual: nada de brigas por fêmeas no cio.
- Menor marcação de território: menos urina nos cantos da casa.
- Redução de fugas: menos risco de atropelamentos ou sumiços.
- Menor vocalização: especialmente em machos, o miado incessante costuma diminuir.
- Mais tranquilidade: gatos castrados tendem a ser menos impulsivos.
Esses efeitos são ainda mais perceptíveis quando a castração é feita cedo, antes que os comportamentos indesejados se tornem hábitos enraizados. Contudo, o tutor precisa lembrar que um gato mais calmo não significa um gato passivo. Eles ainda precisam brincar, interagir e se sentir seguros no ambiente. Caso contrário, o estresse pode vir à tona — e com ele, as brigas.
Redução de hormônios e seu impacto no comportamento
Os hormônios sexuais são fortes influenciadores do comportamento. Quando os níveis de testosterona ou estrogênio caem, o cérebro do gato deixa de receber certos estímulos, como o impulso reprodutivo e a agressividade relacionada à competição.
Isso costuma resultar em um gato mais tranquilo, menos propenso a se envolver em disputas violentas. Mas atenção: isso não significa que a agressividade desaparece por completo. Existem outros hormônios e neurotransmissores envolvidos nas emoções do gato — como a adrenalina e o cortisol — que continuam agindo, especialmente em situações de estresse ou medo.
Por isso, mesmo sem o “combustível” dos hormônios sexuais, um gato ainda pode reagir agressivamente se se sentir ameaçado ou em desvantagem. A castração reduz o risco de brigas por motivação sexual, mas não elimina os conflitos sociais, territoriais ou por estresse.
Fatores Ambientais Que Influenciam as Brigas
É muito comum pensar que o ambiente doméstico é sempre calmo e seguro para os gatos. Mas, na prática, o espaço onde eles vivem pode ser um verdadeiro campo de batalha se não for bem adaptado às necessidades felinas. Isso vale inclusive para gatos castrados. Afinal, eles continuam sensíveis a mudanças e estímulos estressantes.
Espaço limitado é um dos principais fatores. Em casas ou apartamentos pequenos com múltiplos gatos, é comum que eles disputem território. Mesmo que você não perceba, cada gato tem seus locais preferidos: o topo do armário, o canto do sofá, a janela com sol. Se um gato tenta dominar esses espaços e impede o outro de se aproximar, surgem os conflitos.
Outro ponto são os recursos escassos: número insuficiente de potes de comida, bebedouros, caixas de areia ou brinquedos. Um princípio básico da convivência entre gatos é oferecer múltiplos pontos de recursos — pelo menos um para cada gato e um extra — para que eles não precisem competir.
Além disso, barulhos excessivos, visitas frequentes ou obras em casa podem gerar tensão. Um ambiente instável pode aumentar o nível de alerta dos gatos, e esse estresse acumulado pode transbordar em forma de agressividade — mesmo em animais castrados.
Introdução de novos gatos no ambiente
Essa é uma das principais causas de brigas entre gatos, inclusive os castrados. A introdução de um novo felino deve ser feita com muito cuidado, pois o gato residente quase sempre verá o recém-chegado como uma ameaça ao seu território.
O erro mais comum dos tutores é colocar os dois gatos frente a frente logo de cara, esperando que “se entendam”. Isso quase sempre resulta em rosnados, bufos e, eventualmente, em pancadaria. Mesmo castrados, os gatos mantêm o instinto territorial. Eles precisam de tempo e espaço para se acostumar com o cheiro, presença e energia do outro.
O ideal é seguir um processo de adaptação gradual, com etapas como:
- Deixar o novo gato em um cômodo separado no início;
- Trocar panos com cheiros entre eles;
- Permitir encontros visuais breves com barreiras físicas (como uma porta de vidro ou grade);
- Promover interações positivas e supervisionadas;
- Nunca forçar o contato físico.
Quando feito de forma errada, esse processo pode criar traumas e associar a presença do outro gato com algo negativo, o que torna as brigas frequentes mesmo depois da adaptação inicial.
Personalidade e Socialização
Todo gato tem uma personalidade única. Uns são mais tranquilos, outros são dominantes, alguns são extremamente carentes, outros independentes ao extremo. E é aí que entra a importância da personalidade na convivência entre felinos castrados.
A castração não muda traços de personalidade. Se um gato já era territorial ou dominante antes, ele provavelmente continuará com essa tendência mesmo após a cirurgia. Da mesma forma, um gato tímido pode manter reações agressivas por medo, não por dominância.
Além disso, a socialização precoce influencia bastante. Gatos que tiveram contato com outros felinos desde cedo costumam ser mais tolerantes e menos agressivos. Já aqueles que cresceram sozinhos, sem conviver com outros da mesma espécie, tendem a ter mais dificuldade em dividir o espaço.
A combinação de personalidades também conta: dois gatos dominantes provavelmente terão mais conflitos do que um gato tranquilo convivendo com um mais ativo. Avaliar o perfil de cada um antes de juntar gatos em um mesmo ambiente pode evitar muitos problemas futuros.
A importância da socialização precoce
A socialização de um gato começa nas primeiras semanas de vida. É nesse período que ele aprende a interagir com outros gatos, seres humanos e até com o ambiente ao seu redor. Quando um gato cresce isolado, sem contato com irmãos ou outros animais, ele pode desenvolver comportamentos mais defensivos e inseguros — o que se manifesta como agressividade em certas situações.
Gatos que passaram por traumas, abandono ou que foram adotados tardiamente também podem ter dificuldades sociais. Mesmo sendo castrados, esses gatos podem reagir de forma agressiva ao menor sinal de ameaça, simplesmente porque não aprenderam a confiar.
Por isso, quando possível, o ideal é incentivar a socialização desde cedo, com contatos positivos, brincadeiras e ambientes enriquecidos. Isso ajuda a desenvolver um gato mais equilibrado emocionalmente, o que contribui para menos brigas no futuro — mesmo entre castrados.
Estresse e Ansiedade em Gatos Castrados
O estresse é uma das maiores causas de brigas entre gatos. E ele pode ser silencioso, acumulado, difícil de perceber — até o momento em que se transforma em um ataque. E sim, gatos castrados também sentem (e muito) os efeitos da ansiedade.
As causas são variadas: mudanças no ambiente, chegada de novos animais ou pessoas, ausência prolongada do tutor, falta de estímulo mental e físico, ruídos altos, entre outros. Gatos estressados tendem a ficar mais irritadiços, defensivos e até paranoicos.
Mudanças no ambiente são especialmente sensíveis para gatos. Algo simples como mudar os móveis de lugar, trocar a caixa de areia ou mudar a posição do pote de água pode causar desconforto. Se a mudança for mais drástica — como uma reforma, mudança de casa ou chegada de um bebê — o impacto é ainda maior.
Além disso, o tédio pode gerar ansiedade. Gatos precisam de estímulos, desafios e brincadeiras para manter o cérebro ativo. Sem isso, o acúmulo de energia pode ser descarregado em forma de brigas, mesmo que o gato esteja castrado.
Sintomas e como identificar o estresse felino
Identificar o estresse em gatos nem sempre é fácil. Eles são mestres em esconder emoções. Mas alguns sinais podem indicar que algo não vai bem:
- Agressividade repentina;
- Evitar contato com outros gatos ou humanos;
- Lambedura excessiva de partes do corpo;
- Perda de apetite ou compulsão alimentar;
- Urinar fora da caixa;
- Vocalizações incomuns (miados longos, insistentes);
- Isolamento prolongado.
Quando um ou mais desses sinais aparecem, é hora de investigar o que pode estar causando o estresse e agir para eliminar ou suavizar o gatilho. Às vezes, pequenas mudanças fazem toda a diferença — como oferecer mais esconderijos, usar feromônios sintéticos ou reorganizar os espaços da casa.
Se os sintomas persistirem, é importante consultar um veterinário ou um comportamentalista, que poderá indicar tratamentos adequados, incluindo mudanças de rotina ou até o uso de medicamentos.
Sinais de Agressividade em Gatos Castrados
Mesmo castrados, os gatos podem demonstrar sinais claros de agressividade. Esses sinais, muitas vezes sutis no início, servem como um aviso de que algo não está certo e de que um conflito pode surgir a qualquer momento. Saber identificar esses comportamentos pode evitar brigas e até ferimentos graves, tanto entre os gatos quanto para os humanos envolvidos.
A linguagem corporal felina é extremamente expressiva. Um gato prestes a atacar raramente faz isso do nada. Ele costuma dar sinais como:
- Orelhas voltadas para trás ou achatadas;
- Pupilas dilatadas;
- Pelos eriçados, especialmente no dorso e cauda;
- Cauda batendo de forma brusca;
- Rosnados, miados altos ou bufos;
- Corpo arqueado ou encolhido em posição de ataque/defesa.
Além disso, a vocalização agressiva é muito típica. Miados altos, grunhidos e rosnados são comuns em confrontos territoriais ou em situações em que um gato está tentando impor dominância sobre o outro.
Observar esses sinais precocemente é essencial. Ao perceber que um gato está estressado ou desconfortável com a presença do outro, é melhor intervir com distrações (como brinquedos ou petiscos) do que esperar o conflito acontecer.
Quando a agressividade se torna patológica
Em alguns casos, a agressividade ultrapassa o comportamento natural e se torna patológica, ou seja, um distúrbio comportamental que precisa de acompanhamento profissional. Isso pode acontecer com qualquer gato, inclusive os castrados, principalmente se houver traumas anteriores ou experiências negativas repetidas.
Gatos que atacam com frequência, sem motivo aparente, ou que se isolam completamente após um ataque, podem estar sofrendo de um transtorno de ansiedade ou estresse crônico. O comportamento agressivo pode ser reflexo de dor física (problemas nas articulações, infecções, lesões) ou neurológica.
É importante não punir o gato nesse momento. Gritar, bater ou jogar água só piora o quadro, aumentando o medo e a defensividade. Em vez disso, o ideal é buscar ajuda especializada: um veterinário pode descartar causas físicas e indicar o uso de medicamentos, se necessário, e um comportamentalista pode sugerir terapias comportamentais, enriquecimento ambiental e treinos específicos.
Prevenção de Brigas Entre Gatos Castrados
Prevenir é sempre melhor do que remediar — e isso vale em dobro quando falamos sobre brigas de gatos. Uma vez que os conflitos começam a ocorrer com frequência, reverter a tensão entre os felinos pode levar tempo e exigir muita paciência. Por isso, vale a pena investir em estratégias preventivas.
Uma das mais eficazes é o enriquecimento ambiental. Isso significa criar um ambiente que ofereça estímulos físicos e mentais para os gatos: prateleiras, arranhadores, túneis, brinquedos interativos, caixas e esconderijos. Com mais opções de diversão e descanso, os gatos se distraem e interagem de forma mais positiva.
Além disso, a separação de recursos é essencial. Nada de um único pote de comida ou uma única caixa de areia para dois ou mais gatos. Cada um deve ter seu espaço de refeição, descanso e necessidades. O ideal é: número de gatos + 1 (ou mais) de cada recurso.
Outro ponto importante é respeitar o tempo de cada gato. Nem todos querem contato físico ou brincadeiras o tempo todo. Forçar a interação pode gerar estresse e, consequentemente, conflitos.
Dicas práticas para reduzir conflitos
Aqui estão algumas dicas práticas que fazem toda a diferença na convivência entre gatos castrados:
- Crie zonas exclusivas para cada gato – Mesmo em espaços pequenos, dá para improvisar com caixas, nichos ou áreas delimitadas.
- Use feromônios sintéticos – Produtos como Feliway ajudam a acalmar o ambiente e reduzir a tensão entre os gatos.
- Faça sessões de brincadeiras diárias – Brinquedos com varinhas, lasers e bolinhas ajudam a gastar energia acumulada.
- Evite recompensar comportamentos agressivos – Não dê atenção a um gato agressivo no momento do ataque; espere ele se acalmar.
- Reforce comportamentos positivos – Sempre que os gatos estiverem calmos perto um do outro, recompense com petiscos e carinho.
- Evite mudanças bruscas no ambiente – Se for mudar móveis ou introduzir algo novo, faça aos poucos, permitindo que eles se adaptem.
Essas atitudes simples ajudam a construir uma convivência mais harmoniosa e diminuem consideravelmente a chance de brigas, mesmo quando os gatos já estão castrados.
Como Reagir Diante de Brigas Entre Gatos
Ver dois gatos brigando é assustador. Miados altos, arranhões, mordidas… o instinto do tutor é tentar separá-los rapidamente. Mas, se não for feito da maneira correta, isso pode resultar em machucados sérios — inclusive para você. Por isso, é fundamental saber como agir com segurança durante um conflito felino.
O primeiro passo é nunca colocar as mãos no meio da briga. A adrenalina dos gatos está a mil, e eles podem atacar qualquer coisa que se mova, inclusive você. O ideal é usar algum objeto para distraí-los ou separá-los, como uma almofada, um cobertor ou uma toalha.
Depois que a briga parar, cada gato deve ser colocado em um ambiente separado. Eles precisam de tempo para se acalmar. Reintroduzi-los deve ser feito aos poucos, sempre sob supervisão e reforçando comportamentos positivos.
Quando procurar ajuda profissional
Se as brigas forem frequentes, intensas ou se os gatos não conseguirem mais conviver sem estresse, é hora de buscar ajuda profissional. Um comportamentalista pode avaliar as causas por trás do comportamento agressivo.
Esse profissional também pode montar um plano de recondicionamento comportamental, que inclui mudanças no ambiente, treinos específicos de reintrodução progressiva e, em alguns casos, o auxílio de um médico veterinário para a prescrição de medicamentos. O importante é entender que não se trata de “culpa” de um gato ou do outro, mas de uma combinação de fatores que precisam ser ajustados.
Acompanhamento Veterinário e Comportamental
A castração é uma medida preventiva poderosa, mas como vimos até aqui, não resolve todos os problemas comportamentais. Quando o comportamento agressivo persiste ou piora, é hora de procurar auxílio profissional — e isso envolve mais do que uma simples consulta de rotina.
Um veterinário comportamentalista é o especialista mais indicado para lidar com esse tipo de situação. Ele poderá identificar causas médicas ocultas, como dores crônicas, distúrbios neurológicos ou doenças hormonais, que podem estar interferindo no comportamento do gato.
Além disso, o profissional pode indicar um tratamento específico, que pode envolver desde mudanças na rotina e ambiente, até o uso de medicações ansiolíticas ou antidepressivas felinas, sempre com acompanhamento próximo e responsável.
Nunca tente medicar seu gato por conta própria. Produtos que funcionam em humanos ou em outros animais podem ser perigosos — e até fatais — para felinos. O caminho certo é sempre o acompanhamento com especialistas, unindo o conhecimento veterinário com o entendimento do comportamento felino.
O papel do consultor comportamental
Esse profissional é como um “psicólogo de gatos”. Ele avalia o contexto completo: histórico de vida do animal, ambiente em que vive, rotina, convivência com outros animais e seres humanos, estímulos que recebe (ou a falta deles), e o impacto emocional de tudo isso.
O comportamentalista pode elaborar um plano de enriquecimento ambiental, orientar sobre interações positivas, propor treinos de dessensibilização e recondicionamento, e trabalhar com recompensas para fortalecer bons comportamentos.
Em casos mais complexos, ele também pode recomendar uso de feromônios e suplementos naturais, sempre com foco em melhorar a qualidade de vida do gato e restaurar a harmonia do ambiente.
Esse tipo de acompanhamento tem transformado a vida de muitos gatos — e de seus tutores — ao redor do mundo.
Mitos Comuns Sobre Gatos Castrados
Existem muitos mitos quando o assunto é castração, e é importante desfazer essas ideias erradas para lidar melhor com o comportamento dos felinos. Vamos desmitificar algumas delas:
Mito 1: Gato castrado nunca briga.
Falso! Como explicamos, a castração reduz os impulsos ligados ao comportamento sexual, mas não elimina outras fontes de agressividade, como o estresse, o medo, a competição e a territorialidade.
Mito 2: Castrar deixa o gato preguiçoso.
Outro equívoco. A redução da atividade pode estar ligada ao tédio ou à falta de estímulos, e não à castração em si. Gatos castrados continuam curiosos, brincalhões e ativos se tiverem um ambiente adequado.
Mito 3: Castrado é sinônimo de dócil.
Nem sempre. A personalidade do gato, sua criação e socialização têm peso maior do que o simples fato de ser castrado. Existem gatos castrados agressivos e gatos não castrados tranquilos.
Mito 4: Só gatos machos brigam.
Totalmente errado. Fêmeas também podem ser agressivas, principalmente se tiverem histórico de pouco contato social ou forem territoriais. E sim, fêmeas castradas também podem brigar.
A falsa ideia de que todo gato castrado é dócil
Esse é um dos mitos mais perigosos, pois cria expectativas irreais nos tutores. Ao esperar que a castração “transforme” completamente o gato, muitos acabam se frustrando ou achando que há algo “errado” com o animal. Isso pode gerar punições, abandono ou negligência.
É preciso entender que a castração é uma aliada, não uma solução mágica. Ela contribui para a saúde, reduz comportamentos sexuais indesejados e diminui algumas formas de agressividade, mas não interfere na essência do gato.
Cada gato é único, com seu temperamento, vivências e necessidades específicas. Conhecê-lo, respeitá-lo e oferecer um ambiente saudável são as verdadeiras chaves para uma convivência feliz.
Convivência Pacífica Entre Gatos Castrados
Sim, é possível! Muitos lares têm dois, três ou até mais gatos castrados que vivem em plena harmonia. A chave está no respeito aos limites, no entendimento do comportamento felino e na criação de um ambiente adaptado.
Criação de zonas seguras é uma estratégia fundamental. Cada gato deve ter seus cantinhos onde possa descansar, se esconder e observar o ambiente com segurança. Mesmo sendo sociáveis, os gatos gostam de ter o controle de quando e como querem interagir.
Separação de recursos também é crucial. Não force a convivência em torno da comida, da água ou da caixa de areia. Quanto mais individualizado, melhor.
E o mais importante: promova interações positivas entre os gatos. Brinque com todos juntos, ofereça petiscos quando estiverem calmos perto uns dos outros e jamais incentive ou permita comportamentos agressivos.
Com tempo, paciência e dedicação, gatos castrados podem sim viver juntos com afeto, respeito e muito ronronar.
Casos Reais: Relatos de Donos de Gatos
Diversos tutores compartilham experiências incríveis de superação. É comum ouvir histórias como:
- “Meus dois machos castrados brigavam sem parar, mas depois que reestruturei a casa com prateleiras e arranhadores separados, a paz voltou.”
- “Adotei um gato adulto castrado e o meu residente odiava ele no começo. Fiz a introdução com feromônios e hoje eles dormem grudados.”
- “Meus gatos viviam brigando até eu perceber que estavam entediados. Passei a brincar mais com eles e tudo mudou.”
Esses relatos mostram que o problema das brigas tem solução — desde que o tutor esteja disposto a compreender e agir com empatia.
Lições aprendidas na convivência felina
- Castração ajuda, mas não resolve tudo;
- Cada gato é único e deve ser tratado como tal;
- O ambiente influencia diretamente no comportamento;
- Punições não funcionam — amor, paciência e conhecimento são as melhores armas;
- Ajuda profissional é bem-vinda e muitas vezes essencial.
Conclusão: Entendendo e Respeitando o Comportamento Felino
A ideia de que gatos castrados nunca brigam é um mito que precisa ser deixado de lado. Embora a castração tenha inúmeros benefícios e ajude sim a reduzir certos tipos de agressividade, ela não é um botão mágico que transforma o comportamento do gato.
Os felinos continuam sendo seres territoriais, com emoções complexas e necessidades próprias. Brigas podem acontecer por estresse, medo, disputa por território, recursos escassos ou até traumas anteriores. Mas o mais importante é que essas situações podem ser compreendidas, prevenidas e tratadas.
Com informação, paciência, e se necessário, o apoio de profissionais, é possível construir uma convivência tranquila e amorosa entre gatos castrados — em que as brigas se tornam coisa do passado.
FAQs
1. Gatos castrados brigam menos?
Sim, geralmente brigam menos, especialmente por motivos hormonais. Mas ainda podem brigar por território, estresse ou personalidade incompatível.
2. A castração elimina totalmente o comportamento agressivo?
Não. Ela reduz comportamentos ligados à reprodução, mas outras causas de agressividade continuam possíveis.
3. Como introduzir um novo gato castrado em casa?
De forma gradual: isolamento inicial, troca de cheiros, encontros supervisionados e sempre com reforços positivos.
4. A agressividade entre gatos pode voltar depois de anos?
Sim. Mudanças no ambiente, doenças ou novos estresses podem reativar conflitos antigos.
5. Castrar tardiamente tem impacto no comportamento?
Pode ter. Gatos castrados tardiamente podem manter hábitos desenvolvidos durante a fase sexualmente ativa, mas ainda assim a castração traz benefícios.